Em uma manifestação de tom claramente totalitário em termos de sexualidade humana, por não admitir que as pessoas LGBTs (lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros) tenham a si atribuída a mesma dignidade conferida às pessoas heterossexuais, o Deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) declarou que os pais deveriam bater em seus filhos (!) se os mesmos demonstrassem tendências homossexuais…
Eis as palavras homofóbicas do deputado: “O filho começa a ficar assim, meio gayzinho leva um coro, ele muda o comportamento dele. Olha, eu vejo muita gente por aí dizendo: ainda bem que eu levei umas palmadas, meu pai me ensinou a ser homem” (sic).
É um absurdo um deputado, representante do povo, demonstre uma posição totalitária, desrespeitosa da pessoa humana que seja simplesmente diferente daquele modelo idealizado que ele aceita como válido… Ora, ao não aceitar que uma criança ou adolescente se descubra homossexual sem sofrer agressões físicas de seus pais, o deputado demonstra seu profundo desprezo aos cidadãos e cidadãs homossexuais deste país, por claramente afirmar que eles e elas deveriam ter sido agredidos por seus pais para que reprimissem sua homossexualidade latente e, assim, vivessem na prisão do enrustimento, ou seja, em uma vida de mentiras na qual se mostrassem heterossexuais para a sociedade quando, na verdade, o seu íntimo lhes diz a todo momento que são homossexuais…
Este deputado não está preocupado com o bem-estar de pessoas concretas – ele deseja pura e simplesmente que todos vivam suas vidas unicamente em conformidade com o ideal heterossexista por ele aprovado, independentemente dos sentimentos românticos concretos da pessoa homossexual ou bissexual…
Aliás, este deputado precisa estudar um pouco mais, na medida em que a Organização Mundial de Saúde, na Classificação Internacional de Doenças n.º 10/1993 declara peremptoriamente que a orientação sexual por si não deve ser vista como um distúrbio, donde não se pode patologizar a orientação sexual homoafetiva, tendo nosso Conselho Federal de Psicologia referendado tal posição através da Resolução n.º 01/1999, na qual declarou que a homossexualidade não é doença, desvio, perversão nem nada do gênero, proibindo psicólogos de patologizarem a homossexualidade porque ela simplesmente não é uma doença – eles devem, na verdade, ajudar homossexuais e bissexuais a se aceitarem como são e perceberem é o preconceito homofóbico que corresponde a uma patologia social, não a sua sexualdiade homoafetiva).
“Claro”, talvez ele adote, quanto a isso, o que denomino como teoria pink e cérebro, na medida em que há quem diga que a OMS e o CFP teriam assim se posicionado por “pressões” do movimento homossexual, como se estes estivessem tentando dominar o mundo e tivessem poder para tanto… em uma pseudo “teoria” que, além de desrespeitosa, não tem nenhum embasamento fático-probatório que lhe sustente…
De qualquer forma, este deputado simplesmente fez uma apologia à violência contra crianças e adolescentes que se descubram homossexuais, com o que jamais se pode concordar. Seja por uma questão ética (não se faz apologia à violência, especialmente contra crianças e adolescentes!), seja por uma questão legal (castigos imoderados contra crianças e adolescentes são proibidos expressamente pelo art. 1638, inc. I, Código Civil), não se pode JAMAIS concordar com a “ideia” defendida por este deputado, que envergonha o Rio de Janeiro e o Brasil com essa sua apologia à violência contra crianças e adolescentes homossexuais…
Enfim, pelos motivos supra, REPUDIO a fala do Deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) em sua apologia totalitária à violência contra aquelas crianças e adolescentes que demonstrem estar se descobrindo possuidoras de uma sexualidade distinta daquela da maioria da população (a sexualidade homoafetiva).